RENATTA

RENATTA

PARA TRANESCREVER ME FAZ VIAJAR EM LUGARES DISTANTES ONDE O CORAÇÃO E A MENTE VOAMSCREVER AO PAPE

PARA TRANESCREVER ME FAZ VIAJAR EM LUGARES DISTANTES ONDE O CORAÇÃO E A MENTE VOAMSCREVER  AO PAPE
Sou....Mulher amiga, amante, mãe...Mulher que inicia seu dia trabalhando...E termina, amando...Mulher que protege, luta briga e chora.. E que nunca deixa o cansaço.. Tirar o seu sorriso, sua força, a esperança..Que está sempre pronta a amar, e proteger a sua prole... Sua vida, o seu amor..Mesmo que esteja chorando por dentro..No seu olhar esta sempre presente.. A força de lutar por tudo o que quer Mesmo cansada.. Está sempre pronta para seguir em frente..E quando cai, se levanta tirando de sua queda..Uma grande lição..Aprendendo então, a passar por cima das armadilhas da vida.. Mulher Guerreira que se torna..Forte e frágil ao mesmo tempo...Que busca dentro de seu interior a força..Que chora para poder se fortalecer..Através das lágrimas que rolam.. Que se levanta para poder...Levantar a quem está em sua volta..Precisando de uma palavra de carinho..De esperança, de amor... Essa é a mulher guerreira Que se faz de forte..Mas ao mesmo tempo é tão frágil...Como um cristal...Mas que não se deixa quebrar tão facilmente... Sou filha de Iansã....e de Ogum... SIMPLESMENTE RÊ

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quinta-feira, 31 de julho de 2014

Máscaras - Menotti Del Picchia







Pudesse eu repartir-me e encontrar minha calma
dando a Arlequim meu corpo e a Pierrot a minh’alma!

Quando tenho Arlequim, quero Pierrot tristonho,
pois um dá-me o prazer, o outro dá-me o sonho!

Nessa duplicidade o amor todo se encerra:
um me fala do céu... outro fala da terra!

Eu amo, porque amar é variar, e em verdade
toda a razão do amor está na variedade...

Penso que morreria o desejo da gente,
se Arlequim e Pierrot fossem um ser somente,

porque a história do amor pode escrever-se assim:
Um sonho de Pierrot... E um beijo de Arlequim!

- Menotti Del Picchia

quarta-feira, 30 de julho de 2014

Psicoque?: 215 FILMES COM A TEMÁTICA PSICOLOGIA

Psicoque?: 215 FILMES COM A TEMÁTICA PSICOLOGIA: Lista de duzentos e quinze filmes com temática psicológica!  Os filmes são para estudantes,  profissionais e todos que desejam saber mais...

A mente e o templo


Criamos constantemente diálogos internos em nossa mente. 
Podemos viver no "Paraíso" ou no "Inferno" dependendo
 do que alimentamos em nossos pensamentos. 
Sei que não é fácil pedir para você simplesmente
pensar positivo. 
Recebo diariamente pacientes que chegam ao meu 
consultório com uma descrença total em sua 
capacidade de manter uma mente positiva. 
Reconheço que não é um processo fácil e nem sempre 
depende da "vontade" do paciente. 
Alguns casos é preciso fazer uma investigação mais
 detalhada para entender o processo que levou o paciente 
e ficar pessimista e/ou melancólico. 
Algumas patologias podem levar o indivíduo a ser mais 
"negativo", como a depressão, por exemplo. 
Mas por outro lado, há uma cultura exacerbada do
 pessimismo como forma de enfrentar os obstáculos
da vida. Entenda que ser pessimista não te ajudará
 a buscar soluções e pode até trazer um sentimento de 
impotência diante das dificuldades.

Primeiro passo é preciso estar aberto e observar 
seus pensamentos.
 Se você é do tipo de pessoa que até mentalmente
 fomenta reclamações e insatisfações, então é
 preciso mudar essa situação 
AGORA! 
Encare sua mente como seu templo, sua casa, 
sua paz interior. 
Não permita que este templo seja repleto de
intrigas ou negatividade. 
O processo de auto-observação é constante
(para a vida toda!) e não adianta esperar mudanças
 radicais em pouco tempo. Vale a pena insistir em 
mudar seu padrão de pensamento. 
Não fuja dos problemas, da realidade, mas também 
 não deixe que o rancor ou a desesperança domine sua mente. 

Viver é um processo único e pode sim ser uma
 experiência gratificante. Invista em você e não
 permita que sua mente seja sua maior algoz. 
Seu "templo" tem que ser um lugar de paz.  

Seja seu melhor amigo e tenha muita, mas muita
 paciência com seu processo de mudança mental. 

Uma excelente tarde a todos..

http://diariodaautoestima.blogspot.com.br/2014/07/a-mente-e-o-templo.html?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed:+blogspot/ebGbt+(Di%C3%A1rio+da+Autoestima)


sábado, 26 de julho de 2014

Siga


Observo em Silencio... 
observar e silenciar meu lema sempre
Mas na madrugada vem a cobrança...Acordo com mil vozes
Pedindo para que escreva...Peço para dormir
Mas não adianta...O tempo esta rápido
Querem que as palavras...Sejam escritas...

Deixem de humilhar-se  de sofrer por quem não esta na mesma
 faixa de vibração e evolução.
Pessoas em evolução têm o "seu tempo".
Pessoas evoluídas estão a frente deste tempo.
Parar em um lago de sofrimentos, dor e decepção.
Somente vai retardar sua evolução.
Prestar atenção neste momento existe pessoa ao seu lado
Pessoa evoluída a ajuda-lo.
Ninguém volta os degraus evoluídos.
Parar não significa esperar quem você quer que evolua.
Você estará sempre à frente, e ela sempre mais a atrás.
Varias reencarnações foram vividas por você.
Por isso está a frente, degraus a cima.
Tentas ajudar, mas não querem!
Porque se faz necessário a evolução para quebrar
 a casca do orgulho.
Tudo ao seu tempo.
Nada acontece por acaso, tudo tem seu tempo.
Alegre-se você cresceu, evoluiu, esta fazendo seu trabalho.
A humanidade necessita de você.
O Universo mostra outras possibilidades para seguir
Preste atenção, tudo realizado com Amor tem seu grau
evolutivo maior.
Acredite tudo passa e segue como as águas do rio.
Ao deparar com uma enorme pedra, continua seguindo,
seu curso, com a sabedoria da natureza, desvia e segue
seu caminho.
Imagine se ela parasse... quantas pessoas não teriam a 
possibilidade de ter essa água.
Quantas perdas evolutivas aconteceriam?
Seja a água do rio em pleno curso, siga.
Foque em seu caminho, só você pode construir a sua evolução.
Existe pessoas ao seu lado querendo ajuda-lo e você não percebe.
Não foi um acaso te-las ao seu lado, tudo já estava programado
para este momento.
Siga, na realidade que momentos bons ou ruim se fazem necessários.
Siga, na verdade sempre com a verdade.
Siga com amor em primeiro lugar.
Siga não pare, não desista, alguém precisa de você.
Você não esta aqui por um acaso.
Você esta aqui por merecimento.
Siga sempre na paz da criação Divina.

Um amigo

Renatta Magrini
25/07/2014
03.30 horas

Não para quem é dedicada essas belas palavras
de força, mas aprendi com o tempo que as
palavras podem ser para muitas pessoas.
Talvez seja para você que acabou de ler.
Parabens.





















Saudades



“A saudade é um buraco dolorido na alma. 
A presença de uma ausência.
 A gente sabe que alguma coisa está faltando. 
Um pedaço nos foi arrancado. 
Tudo fica ruim.
A saudade fica uma aura que nos rodeia. 
Por onde quer que a gente vá, ela vai também. 
Tudo nos faz lembrar a pessoa querida. 
Tudo que é bonito fica triste, pois o bonito sem a pessoa
 amada é sempre triste. 
Aí, então, a gente aprende o que significa amar: 
esse desejo pelo reencontro que trará a alegria de volta. 
A saudade se parece muito com a fome.
 A fome também é um vazio. 
O corpo sabe que alguma coisa está faltando. 
A fome é saudade do corpo. 
A saudade é a fome da alma”.

Rubem Alves

Mente em Deus




















“Equanimidade mental é colocar a mente em Deus.
 E colocar a mente em Deus é como colocar a sua mala no 
bagageiro do trem e viajar descansado.
 Mas, a mente prefere carregar o peso porque colocar a mala 
no bagageiro requer confiança. 
No núcleo da mente condicionada está o medo, e um dos 
principais aspectos do medo é o controle.
 Mas, os caminhos de Deus são misteriosos e nem sempre 
é possível entender qual é o plano Dele para você. 
Então, você cria muitas expectativas em relação a sua vida, 
e espera que Deus corresponda a elas, mas somente Ele conhece 
o seu coração e sabe o que você realmente precisa.
 Por isso, tome consciência da sua falta de confiança, 
pois é ela que tem feito você carregar esse peso tão grande.”

Sri Prem Baba

O sol está brilhando lá fora?



O sol está brilhando lá fora?
Não importa.
Como ele está brilhando dentro de você? 

Use cada centelha de força interior para ajudar o seu sol interno a brilhar, 
mais e mais, cada vez mais. Não existem limites para este brilho,
 você vê? Mesmo quando as nuvens o cobrem, ele continua brilhando. 

Trabalhe-se e trabalhe-se e trabalhe-se para que hoje e sempre este 
brilho apenas aumente. Seja bondoso consigo mesmo e com as 
outras pessoas. Se encontrar alguém na dor, empreste o seu sorriso. 
Ilumine todos os recônditos possíveis de serem iluminados - 
em si mesmo e nos outros. Fale palavras de amor e evite os 
julgamentos mas, caso eles venham, perdoe-se por isso.

Seja o amor e fale do amor e aja com amor e faça amor e
 questione-se sempre: 
"se eu fosse feito exclusivamente de amor, o que faria agora?". 

E daí, faça.
Ilumine.


domingo, 20 de julho de 2014

A complicada arte de ver



A complicada arte de ver

Rubem Alves

Ela entrou, deitou-se no divã e disse: "Acho que estou ficando louca". Eu fiquei em silêncio aguardando que ela me revelasse os sinais da sua loucura. "Um dos meus prazeres é cozinhar. Vou para a cozinha, corto as cebolas, os tomates, os pimentões _é uma alegria! Entretanto, faz uns dias, eu fui para a cozinha para fazer aquilo que já fizera centenas de vezes: cortar cebolas. Ato banal sem surpresas. Mas, cortada a cebola, eu olhei para ela e tive um susto. Percebi que nunca havia visto uma cebola. Aqueles anéis perfeitamente ajustados, a luz se refletindo neles: tive a impressão de estar vendo a rosácea de um vitral de catedral gótica. De repente, a cebola, de objeto a ser comido, se transformou em obra de arte para ser vista! E o pior é que o mesmo aconteceu quando cortei os tomates, os pimentões... Agora, tudo o que vejo me causa espanto."

Ela se calou, esperando o meu diagnóstico. Eu me levantei, fui à estante de livros e de lá retirei as "Odes Elementales", de Pablo Neruda. Procurei a "Ode à Cebola" e lhe disse: "Essa perturbação ocular que a acometeu é comum entre os poetas. Veja o que Neruda disse de uma cebola igual àquela que lhe causou assombro: 'Rosa de água com escamas de cristal'. Não, você não está louca. Você ganhou olhos de poeta... Os poetas ensinam a ver".

Ver é muito complicado. Isso é estranho porque os olhos, de todos os órgãos dos sentidos, são os de mais fácil compreensão científica. A sua física é idêntica à física óptica de uma máquina fotográfica: o objeto do lado de fora aparece refletido do lado de dentro. Mas existe algo na visão que não pertence à física.
William Blake sabia disso e afirmou: "A árvore que o sábio vê não é a mesma árvore que o tolo vê". Sei disso por experiência própria. Quando vejo os ipês floridos, sinto-me como Moisés diante da sarça ardente: ali está uma epifania do sagrado. Mas uma mulher que vivia perto da minha casa decretou a morte de um ipê que florescia à frente de sua casa porque ele sujava o chão, dava muito trabalho para a sua vassoura. Seus olhos não viam a beleza. Só viam o lixo.

Adélia Prado disse: "Deus de vez em quando me tira a poesia. Olho para uma pedra e vejo uma pedra". Drummond viu uma pedra e não viu uma pedra. A pedra que ele viu virou poema.

Há muitas pessoas de visão perfeita que nada vêem. "Não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. Não basta abrir a janela para ver os campos e os rios", escreveu Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa. O ato de ver não é coisa natural. Precisa ser aprendido. Nietzsche sabia disso e afirmou que a primeira tarefa da educação é ensinar a ver. O zen-budismo concorda, e toda a sua espiritualidade é uma busca da experiência chamada "satori", a abertura do "terceiro olho". Não sei se Cummings se inspirava no zen-budismo, mas o fato é que escreveu: "Agora os ouvidos dos meus ouvidos acordaram e agora os olhos dos meus olhos se abriram".

Há um poema no Novo Testamento que relata a caminhada de dois discípulos na companhia de Jesus ressuscitado. Mas eles não o reconheciam. Reconheceram-no subitamente: ao partir do pão, "seus olhos se abriram". Vinícius de Moraes adota o mesmo mote em "Operário em Construção": "De forma que, certo dia, à mesa ao cortar o pão, o operário foi tomado de uma súbita emoção, ao constatar assombrado que tudo naquela mesa - garrafa, prato, facão - era ele quem fazia. Ele, um humilde operário, um operário em construção".

A diferença se encontra no lugar onde os olhos são guardados. Se os olhos estão na caixa de ferramentas, eles são apenas ferramentas que usamos por sua função prática. Com eles vemos objetos, sinais luminosos, nomes de ruas - e ajustamos a nossa ação. O ver se subordina ao fazer. Isso é necessário. Mas é muito pobre. Os olhos não gozam... Mas, quando os olhos estão na caixa dos brinquedos, eles se transformam em órgãos de prazer: brincam com o que vêem, olham pelo prazer de olhar, querem fazer amor com o mundo.

Os olhos que moram na caixa de ferramentas são os olhos dos adultos. Os olhos que moram na caixa dos brinquedos, das crianças. Para ter olhos brincalhões, é preciso ter as crianças por nossas mestras. Alberto Caeiro disse haver aprendido a arte de ver com um menininho, Jesus Cristo fugido do céu, tornado outra vez criança, eternamente: "A mim, ensinou-me tudo. Ensinou-me a olhar para as coisas. Aponta-me todas as coisas que há nas flores. Mostra-me como as pedras são engraçadas quando a gente as têm na mão e olha devagar para elas".

Por isso -  porque eu acho que a primeira função da educação é ensinar a ver - eu gostaria de sugerir que se criasse um novo tipo de professor, um professor que nada teria a ensinar, mas que se dedicaria a apontar os assombros que crescem nos desvãos da banalidade cotidiana. Como o Jesus menino do poema de Caeiro. Sua missão seria partejar "olhos vagabundos"...

"Ostra feliz não faz pérola"

RUBEM ALVES 



"A ostra, para fazer uma pérola, precisa ter dentro de si um grão de areia que a faça sofrer. Sofrendo, a ostra diz para si mesma:
'Preciso envolver essa areia pontuda que me machuca com uma esfera lisa que lhe tire as pontas…'
Ostras felizes não fazem pérolas… 
Pessoas felizes não sentem a necessidade de criar. O ato criador, seja na ciência ou na arte, surge sempre de uma dor, Não é preciso que seja uma dor doída…Por vezes a dor aparece como aquela coceira que tem o nome de curiosidade. 
Este livro está cheio de areias pontudas que me machucaram. 
Para me livrar da dor, escrevi"

(Texto na contracapa do livro “Ostra feliz não faz pérola”)












Um dia Rubem estava ouvindo uma sonata para violino e piano e se emocionou. Perguntou a si mesmo: Porque é que você está chorando?. A resposta veio fácil: choro por causa da beleza.
Mas o que é a experiencia da beleza?
Sem uma resposta pronta lembrou de algo que aprendeu com Platão.

"Platão, quando não conseguia dar respostas racionais, inventava mitos. 
Ele contou que, antes de nascer, a alma contempla todas as coisas belas do universo. 
Esta experiência é tão forte que todas as infinitas formas de beleza do universo ficam eternamente gravadas em nós. Ao nascer, esquecemo-nos delas. Mas não as perdemos. 
A beleza fica em nós adormecida como um feto. 
Assim, todos nós estamos grávidos de beleza, beleza que quer nascer para o mundo qual uma criança. Quando a beleza nasce, reencontramo-nos com nós mesmos e experimentamos a alegria."

Alegria e tristeza



















Rubem Alves

Freud disse que são duas as fomes que moram no corpo. 

A primeira fome é a fome de conhecer o mundo em que vivemos.
 Queremos conhecer o mundo para sobreviver. 
Se não tivéssemos conhecimento do mundo à nossa volta, 
saltaríamos pelas janelas dos edifícios, ignorando a força da
 gravidade, e poríamos a mão no fogo, por não saber que o fogo queima.

A segunda fome é a fome do prazer.

 Tudo o que vive busca o prazer. 
O melhor exemplo dessa fome é o desejo do prazer sexual. 
Temos fome de sexo porque é gostoso. 
Se não fosse gostoso, ninguém o procuraria e, como 
conseqüência, a raça humana acabaria.
 O desejo do prazer seduz.

Gostaria de poder ter tido uma conversinha com ele 

sobre as fomes, porque eu acredito que há uma terceira:
 a fome de alegria.

Antigamente eu pensava que prazer e alegria eram a mesma coisa. 

Não são.
 É possível ter um prazer triste. A amante de Tomás,
 da A Insustentável Leveza do Ser, se lamentava:
 “Não quero prazer, quero alegria!”

As diferenças. Para haver prazer é preciso primeiro que 

haja um objeto que dê prazer: um caqui, uma taça de vinho,
 uma pessoa a quem beijar. Mas a fome de prazer logo se
 satisfaz. Quantos caquis conseguimos comer? 
Quantas taças de vinho conseguimos beber? 
Quantos beijos conseguimos suportar?
 Chega um momento em que se diz:
“Não quero mais. Não tenho mais fome de prazer...”

A fome de alegria é diferente. Primeiro, ela não precisa

 de um objeto. Por vezes, basta uma memória.
 Fico alegre só de pensar num momento de felicidade que 
já passou. E, em segundo lugar, a fome de alegria jamais diz: 
“Chega de alegria. Não quero mais...” A fome de alegria é insaciável.

Bernardo Soares disse que não vemos o que vemos,

 vemos o que somos. Se estamos alegres, nossa alegria 
se projeta sobre o mundo e ele fica alegre, brincalhão. 
Acho que Alberto Caeiro estava alegre ao escrever este poema:
 "As bolas de sabão que esta criança se entretém a largar de uma palhinha são translucidamente uma filosofia toda.
 Claras, inúteis, passageiras, amigas dos olhos, são aquilo
 que são... Algumas mal se vêem no ar lúcido. 
São como a brisa que passa...E que só sabemos que passa porque qualquer cousa se aligeira em nós...”

A alegria não é um estado constante – bolas de sabão. 

Ela acontece, subitamente. Guimarães Rosa disse que a
 alegria só acontece em raros momentos de distração. 
Não se sabe o que fazer para produzi-la. Mas basta que 
ela brilhe de vez em quando para que o mundo fique leve
 e luminoso. Quando se tem a alegria, a gente diz:
 “Por esse momento de alegria valeu a pena o Universo ter sido criado”.

Fui terapeuta por vários anos. Ouvi os sofrimentos de

 muitas pessoas, cada um de um jeito. Mas por detrás
 de todas as queixas havia um único desejo: alegria. 
Quem tem alegria está em paz com o Universo, sente 
que a vida faz sentido.

Norman Brown observou que perdemos a alegria por 

haver perdido a simplicidade de viver que há nos animais.
 Minha cadela Lola está sempre alegre por quase nada. 
Sei disso porque ela sorri à toa. Sorri com o rabo.

Mas, de vez em quando, por razões que não se entende bem,

 a luz da alegria se apaga. O mundo inteiro fica sombrio e pesado. 
Vem a tristeza. As linhas do rosto ficam verticais, dominadas
 pelas forças do peso que fazem afundar. Os sentidos se
 tornam indiferentes a tudo. O mundo se torna uma pasta 
pegajosa e escura. É a depressão. O que o deprimido
deseja é perder a consciência de tudo para parar de sofrer. 
E vem o desejo do grande sono sem retorno.

Antigamente, sem saber o que fazer, os médicos prescreviam

 viagens, achando que cenários novos seriam uma boa distração 
da tristeza. Eles não sabiam que é inútil viajar para outros lugares
 se não conseguimos desembarcar de nós mesmos.
 Os tolos tentam consolar. Argumentam apontando para
 as razões para se estar alegre: o mundo é tão bonito... 
sso só contribui para aumentar a tristeza. As músicas doem.
 Os poemas fazem chorar. A TV irrita. 
Mas o mais insuportável de tudo são os risos alegres dos
 outros que mostram que o deprimido está num purgatório
 do qual não vê saída. Nada vale a pena.

E uma sensação física estranha faz morada no peito, 

como se um polvo o apertasse. Ou esse aperto seria
 produzido por um vácuo interior? 
É Thanatos fazendo o seu trabalho. 
Por que quando a alegria se vai ela entra...

Os médicos dizem que a alegria e a depressão são as 

formas sensíveis que tomam os equilíbrios e os desequilíbrios 
da química que controla o corpo. Que coisa mais curiosa:
 que a alegria e a tristeza sejam máscaras da química! 
O corpo é muito misterioso...

Aí, de repente, sem se anunciar, ao acordar de manhã, 

percebe-se que o mundo está de novo colorido e cheio 
de bolhas translúcidas de sabão... 
A alegria voltou!