O que é ser livre?
Talvez, para
muitos, liberdade é ter livre arbítrio para fazer as
coisas de acordo com sua
própria vontade, sem dar explicações
a ninguém; é não ter regras nem
compromissos, com horários ou
com trabalho; é sair pelo mundo e só voltar
quando der vontade;
é não se submeter a ninguém; é não depender dos outros e
ser
dono de seu próprio nariz.
Contudo, uma pessoa
pode fazer – e ter – tudo isso e ainda assim
não ser livre. A verdadeira
liberdade não passa pelos outros,
e sim, por nós mesmos. Uma pessoa pode estar
em um relacionamento
há anos, ter filhos, trabalhar em um local cheio de
regras, quase
não viajar e, ainda assim, ser a mais livre de todas.
A liberdade da qual
estou falando é a liberdade interna.
De nada adianta ter uma “vida
livre”, se nos pensamentos
só há culpa, cobranças e punições. É possível
observar que,
na maior parte das vezes, o maior cerceador de seu
crescimento e
de seu desenvolvimento é a própria pessoa.
É aquele medo
exagerado de fazer alguma coisa errada;
é o remorso que vem depois de dizer um
não; é a cobrança
interna por ter dito algo em um momento inoportuno, com as
palavras erradas; é a raiva de si mesmo por ter deixado
uma oportunidade
passar; é a culpa após ter tomado uma
atitude precipitada; é não se expor por
medo do ridículo;
é refazer mil vezes a mesma coisa e nunca se sentir
satisfeito
com o resultado; é deixar de fazer alguma coisa por medo do
que os
outros vão achar; é, então, finalmente fazer, mas,
pouco tempo depois, se
arrepender ou pensar que deveria
ter sido de outra forma.
É aquela eterna
sensação de que poderia ter sido diferente.
Essas cobranças
internas podem controlar a pessoa de tal
maneira que ela vira escrava de suas
próprias exigências
e imposições, o que acaba por limitar sua vida e seus
sonhos.
A pessoa fica presa e impedida de aproveitar os momentos,
pois busca
um ideal que jamais poderá ser alcançado, sendo
extremamente crítica
consigo mesma.
Essa prisão da qual
estou falando, portanto, não vem dos outros,
pois, nestes casos, a reprovação e
a punição vêm dos próprios
pensamentos. A pessoa fica tão absorvida em suas
angústias
que acaba presa em seu mundo. As cobranças internas são
naturais e
muito saudáveis até certo ponto. Porém, esse conflito
pode alcançar níveis
exagerados, paralisando a pessoa,
pois ela gasta mais energia pensando do que
agindo. Essa
forma de pensar geralmente está associada a um grande
sofrimento.
Por isso, ser
livre é aceitar a si mesmo. Aceitar que muitas
vezes irá errar, mas se dar a
chance de encontrar alternativas
sem pressa e sem condenações. Note que essa
liberdade não
vai isentar ninguém de dar explicações aos outros.
Sempre teremos
responsabilidade pelas relações nas
quais estamos envolvidos. No entanto, a
pessoa será livre
para usar sua energia em coisas produtivas e não para impedir
seu desenvolvimento diante da vida.
Se você se
identificou ou conhece alguém assim, indique ajuda.
Não costuma ser fácil sair
sozinho dessas armadilhas que a
própria mente impõe. Por isso, não se amedronte
e busque
amparo, pois é possível viver uma vida mais leve e com maior
liberdade.
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