A necessidade dos pactos prévios
consensuais articulados explícitos
A possibilidade de
se viver abertamente relacionamentos não-monogâmicos é uma das grandes
conquistas político-sociais das últimas décadas (especialmente para as
mulheres).
Entretanto, é
importante ficarmos atentas para as pessoas (especialmente homens) que
tentarão se utilizar desse discurso para justificar comportamentos desonestos e
abusivos.
Esse
texto não é cis heteronormativo. Todos os exemplos e casos se aplicam ou podem
se aplicar a relacionamentos entre pessoas de quaisquer identidades, sexo,
gênero ou orientação, a não ser quando explicitamente mencionado.
*
* *
O
principal fator que separa um relacionamento potencialmente abusivo, desonesto,
infiel, etc, de um relacionamento não monogâmico é um pacto prévio consensual
articulado explícito.
O
que define que você está em um relacionamento não monogâmico é JUSTAMENTE esse
pacto prévio consensual articulado explícito.
Se
uma das pessoas acha ou jura ou afirma que está em um relacionamento não
monogâmico, mas a outra não, se essa questão nunca foi explicitamente
articulada e decidida, então, não, não estão.
Se
você tem um relacionamento, transa com outras, a pessoa com quem você está
descobre e continua no relacionamento, e você continua transando com outras,
mas vocês nunca tiveram uma conversa explícita sobre limites, segurança,
pactos, etc, então, não, o que vocês têm NÃO é um relacionamento
não-monogâmico.
(Por
mais que você ache que a outra pessoa aprove — senão, teria ido embora! — você
é só uma pessoa que trai a pessoa com quem tem um relacionamento.)
e
existe qualquer possibilidade de mal-entendido sobre se ambas as pessoas estão
em um relacionamento não-monogâmico, então não é.
*
* *
A
razão disso é simples: os relacionamentos monogâmicos são a norma na nossa
sociedade. Por isso, eles não precisam necessariamente ser articulados
explicitamente. (Embora é bom que sejam.)
Se
duas pessoas se encontram, ficam, transam, transam de novo, transam de novo,
começam a sair socialmente e encontrar as pessoas amigas umas das outras, e
assim sucessivamente, pode bem ser que nunca articulem de forma explícita
"sim, estamos namorando", pois já terão entrado
"naturalmente" nesse estado aos olhos delas mesmas e da sociedade que
lhes rodeia.
Pelo
mesmo motivo, se uma delas faz tudo isso com a outra (e continua
transando com terceiras sem essa primeira pessoa saber) então, sim, é
infidelidade.
Mentir
não é só uma ação, mas também uma omissão. Eu me comportar de maneira a gerar
uma impressão que sei ser errônea em outra pessoa também é mentira.
Em
nossa sociedade, tudo no comportamento acima presume que as duas pessoas estão
em uma relação monogâmica. Então, é desonesto eu criar na outra pessoa essa
"impressão de monogamia", continuar transando com outras e depois
ainda me auto justificar dizendo:
"Ué,
nós nunca combinamos que estávamos num relacionamento monogâmico!"
A
monogamia, como é o relacionamento default da nossa sociedade, não precisa ser
explicitamente articulada.
A
não monogamia precisa.
Por
isso, duas (ou mais) pessoas só estarão vivendo um relacionamento não
monogâmico se ambas souberem e afirmarem que estão vivendo esse tipo de
relacionamento, se tiverem um pacto prévio consensual articulado explícito
regulando os limites de cada uma e se houver uma constante disposição para
conversá-lo, negociá-lo, redefini-lo.
Há
mentiras em qualquer tipo de relacionamento, mas a não monogamia retira grande
parte dos incentivos para enganar, trair, se esgueirar.
*
* *
Outro
dia, um homem me contou que estava acabando de sair de um casamento aberto de
dez anos. Tinha tido várias relações fora do matrimônio e imaginava que a
mulher também, mas ele não falava sobre os dele e ela não falava sobre os dela,
e tinha sempre ficado por isso mesmo.
Já
no primeiro encontro com a futura esposa, aos dezesseis anos de idade, ele
afirmou que nunca toleraria um relacionamento que fosse monogâmico. Segundo
ele, a moça pareceu não gostar muito e desconversou (era o primeiro
encontro!), eles nunca mais falaram nisso, continuaram saindo, depois
namoraram, casaram, ficaram juntos dez anos.
(Tenho
sempre alguma prevenção contra esse discurso do "eu sou assim, o mundo que
se adapte!" O que poderia ser mais egocêntrico?)
Perguntei,
para confirmar:
"Que
você saiba ela nunca teve outros relacionamentos?"
"Não."
"Vocês
nunca mais falaram sobre relacionamentos não monogâmicos depois daquela
primeira menção em um primeiro encontro quando ambos tinham dezesseis
anos?"
"Não,
ué. Precisava? Eu já tinha dito que pra mim a monogamia era intolerável."
E fui obrigado a dizer:
"Olha, o que você viveu não tem nada a ver com
um relacionamento não monogâmico. Você simplesmente passou dez anos traindo e
mentindo para sua esposa. Aliás, como tantos homens."
Os
homens sempre tiveram o direito de pular a cerca à vontade e, quando são
descobertos, a sociedade ainda cai de pau... nas mulheres!, dizendo que têm que
perdoar, pelo "bem da família", porque "homem é assim
mesmo", etc.
Já
as mulheres, quando transam fora do relacionamento, viram sinônimo de
perversidade e, até pouco tempo atrás, podiam inclusive ser legalmente mortas,
e isso tinha até nome, "legítima defesa da honra", como se a honra do
homem residisse no órgão sexual da mulher.
Por
isso, um dos objetivos da instituição "relacionamento não monogâmico",
como foi concebida e estabelecida no século XX e praticada até hoje, é
justamente virar esse jogo:
1.
As mulheres ganham o direito de também fazer aquilo que os homens sempre
fizeram.
2.
Os homens continuam fazendo o que sempre fizeram, mas agora dentro do contexto
de um pacto prévio consensual articulado explícito que reconhece a mulher como
parceira igualitária e com poder de veto.
Para
viver relacionamentos não monogâmicos, é preciso muita empatia e muita
alteridade, sempre se colocar no lugar do Outro, sempre articular nossas
fraquezas e nossos limites, sempre acolher as fraquezas e os limites das nossas
pessoas parceiras.
Ou
seja, é preciso pensar e agir de forma ética do começo ao fim.
*
* *
Uma
situação tristemente comum: duas pessoas estão na paquera e uma delas revela:
"Olha,
preciso-te dizer que sou casada."
E
a outra diz:
"Não
tem problema, não sou ciumento, hehe."
"Ok,
ótimo. Deixa então eu ligar pro meu companheiro e avisar que estou indo pro
motel com você."
"Opa,
como assim? Ele sabe? Ih, tô fora, ficou estranho!"
É
impressionante quantas pessoas estão dispostas a cornear "otários" ao
mesmo tempo em que querem distância de relacionamentos não monogâmicos
consensuais e às claras.
Para
os homens, é muito fácil articular o discurso "relacionamentos não
monogâmicos" só para "sair pegando geral".
Uma
moça solteira me contou ter terminado recentemente um relacionamento frustrante
com um artista plástico inteligente, pretensamente pró-feminista, descolado,
sensível, de esquerda, etc etc... e casado.
Na
hora de seduzi-la pela internet, o assunto "monogamia" surgiu
bastante. Que ele vivia um casamento aberto avançadinho, que ela era careta,
que precisava se abrir, como podia uma mulher tão interessante ter ideias tão
antiquadas, esse papinho.
As
barreiras da minha amiga foram caindo e ela se dispôs a ir visitá-lo em sua
cidade. Naturalmente, estava esperando um pouco de atenção, que ele mostrasse a
cidade, que passeasse com ela, que dormissem juntos, etc etc.
Mas
o moço ó-tão-importante, do alto de sua movimentada agenda, podia conceder a
ela somente uma audiência de duas horas no motel.
O
resto do tempo, infelizmente, estava tomado por trabalho ou pela família.
(Quando
ela perguntou se iriam poder passear juntos no domingo, ele quase riu:
"imagina, domingo com a mulher e os filhos é sagrado pra mim!" Quando
ela pediu para falar com a mulher dele, ele negou: "ela não gosta de saber
dos meus casos.")
Depois
de gastar mais mil reais por uma ida de duas horas a um motel e um
fim-de-semana de solidão em uma cidade estranha, minha amiga voltou pra casa
frustrada, mas ainda apaixonadinha. Demorou algumas semanas para se dar conta
de que tinha caído em um golpe tristemente comum.
Quando
enfim terminou com o "grande artista", ele ficou enraivecido e disse
que ela era uma mulher coxinha e moralista que não tinha cacife para estar com
um homem livre e arrojado como ele.
Tá.
Homem
casado dizendo que seu casamento é aberto só para "pegar geral" já se
tornou uma coisa tão comum que eu recomendo cautela para todas as pessoas
querendo começar relacionamentos com homens que dizem isso.
Naturalmente,
todos os homens que de fato estão em relacionamentos não monogâmicos também
falam isso e não é o caso de jogar todo mundo no mesmo saco.
Entretanto,
como essa mentira em particular já está disseminada, é caso de
acreditar-desacreditando e discretamente levantar a ficha do casal: já
escreveram ou se manifestaram publicamente falando de não monogamia, fazem
parte de grupos ou associações de não monogamia, etc.
No
Brasil de hoje, onde a canalhice é muito mais comum que a não monogamia,
se um homem que diz que está em relacionamento não monogâmico não puder, de
alguma maneira, comprovar que está de fato em um relacionamento não monogâmico,
eu diria que o mais provável é que esteja mentindo.
Houve
época em que eu me envolvia com pessoas em relacionamentos monogâmicos, e ainda
racionalizava:
"Minha
relação é com ela, não sou responsável pelo seu compromisso com uma
terceira."
*
* *
Namorei
uma pessoa casada, linda e inteligente, que mentia e inventava se virava do
avesso e fazia muitos sacrifícios... para poder transar comigo. Como não me
sentir lisonjeado? Afinal, ela deveria gostar muito de mim, não? Meu ó-tão
carente ego só faltava ronronar de prazer quando ela entrava pela porta,
estalando seus saltos altos.
Mas
a verdade é que ela dormia todas as noites com outra pessoa. Mentia para a
pessoa-que-estava-com-ela de forma perversa e descarada, mas, ainda assim, era
com ela que sonhava sonhos, subia serra, assistia séries. E o meu ó-tão carente
ego passava as noites uivando para a lua, triste e apaixonado, querendo falar
com ela mas proibido de telefonar fora do horário comercial.
Por
fim, depois de muitos e muitos anos, apesar de ainda amá-la demais, apesar de
ainda amá-la hoje, fiz o que tantos amantes na história fizeram: terminei eu
mesmo o relacionamento. Porque percebi que nunca poderíamos construir nada.
Eu
jamais conseguiria confiar em alguém capaz de passar vários anos mentindo para
a pessoa mais próxima a ela.
Que,
aliás tristemente, não era nem nunca fui eu.
*
* *
Decidi
que queria viver sem mentiras – e sem pessoas mentirosas.
Hoje,
as pessoas que caminham ao meu lado são donas dos seus desejos, capazes de
assumi-los e articulá-los, livres para se colocarem publicamente no mundo como
minhas companheiras.
Paradoxalmente,
depois dessa decisão, fui ameaçado de morte, acionei polícia e advogados, e
tive até sair da cidade por uns tempos porque me relacionei com uma pessoa que
disse que era solteira, mas na verdade tinha um relacionamento monogâmico com outra
pessoa.
Escaldado
por esse caso, eu confio em todo mundo a priori, mas, para pular na cama com
alguém, mesmo eu sendo homem, preciso antes dar uma excelente levantada na
ficha da pessoa.
Um
homem em um namoro aberto estava se relacionando com uma mulher em um casamento
aberto. Saindo do cinema, ele quis andar de mãos dadas, mas ela se recusou:
mesmo estando em um cinema quase vazio, num dia de semana, do outro lado da
cidade, tinha medo de ser vista, de ser falada.
O
homem me contou essa história indignada, achando que eu validaria sua
indignação:
"Por
que essas mulheres são tão reprimidas, Alex? De que adianta sermos os dois
seres humanos livres, em um relacionamento não monogâmico consensual, ambos em
relacionamentos com outras pessoas que sabiam de tudo, se não podemos nem dar
as mãos?! Não é um pedido justo a se fazer? Dar as mãos?"
E
respondi:
"Se
você é um homem que nunca se colocou na pele de uma mulher nem por um minuto e
está somente vendo o seu próprio lado, sim, é um pedido justíssimo.
Infelizmente, se calha de alguém ver vocês de mãos dadas no cinema, duas
pessoas que estão em outros relacionamentos públicos, você vai receber
high-fives na copa da empresa, por estar "pegando uma gatinha num cinema
de subúrbio". Já ela, provavelmente, vai ficar marcada para sempre como a
"puta da contabilidade". Daí o fato de ela estar um pouquinho mais
preocupada com isso do que você... "
Vivemos
em uma sociedade profundamente machista, onde os direitos e os deveres de
homens e mulheres são profundamente assimétricos. Um homem que queira se
relacionar de forma ética e igualitária com mulheres precisa ter isso sempre em
mente para não virar (nem que por descuido) um babaca.
A
assimetria está em tudo, inclusive na própria língua que todas falamos.
Quase
todos os xingamentos para homens são questionamentos de que não transam o
suficiente com mulheres — provavelmente por serem homossexuais; por outro lado,
quase todos os xingamentos para mulheres são questionamentos de que transam
demais.
O
"aventureiro" é o homem audaz que vive aventuras. A
"aventureira" é a puta.
"Pistoleiro"
é um homem que atira com pistolas. "Pistoleira" é puta.
"Vagabundo"
ou "vadio" é um homem que não trabalha. A "vagabunda" ou
"vadia" é uma puta.
"Cachorro",
"galo", "touro" são alguns dos animais mais importantes na
história da humanidade. "Cachorra", "galinha",
"vaca"? Puta, puta, puta.
Por
fim, "puto" é um homem indignado, irritado.
Já
"puta" é puta.
(E
não que tenha nada de errado com isso.)
Todas
as pessoas que querem se envolver em relacionamentos não monogâmicos precisam
ter sempre esses exemplos em mente.
Porque,
na nossa sociedade machista, quando se revela que um homem está em um
relacionamento não monogâmico, dependendo do grupo, ele pode ficar com fama de
garanhão ou, em alguns casos, de corno.
A
mulher sempre fica com a mesma fama.
De
puta.
Então,
por um lado, é importante revelarmos nossos relacionamentos não monogâmicos e
sermos ativistas por uma maior desprivatização das relações humanas. Afinal, a
questão não é só pessoal, é política.
Mas,
por outro lado, é fundamental lembrarmos que, em termos de danos à reputação
social e possíveis sanções profissionais e familiares, o preço mais alto será
sempre pago pela mulher.
Por
isso, em minha opinião, a decisão de sair em público como estando em um
relacionamento não monogâmico deve sempre ser da mulher.
Às
vezes, quando falo sobre essa importância do diálogo, alguém comenta:
"Meu
Deus, quem aguenta tanta falação? Assim fica inviável ter um
relacionamento!"
E
eu respondo:
"Ninguém disse que era fácil ter uma vida
sexual e agir de forma ética ao mesmo tempo. Ainda mais quando se está querendo
ir contra o padrão da sociedade. Se você quer só sair "pegando
geral", é mais fácil e mais eficiente ser solteiro. Mas, se está em um
relacionamento (e um relacionamento não monogâmico é, antes de tudo, um
relacionamento) é preciso sempre pensar, agir, falar de forma ética em
relação às necessidades, fraquezas, limites, desejos das pessoas que estão com
você. Aliás, mesmo sendo solteiro, é bom agir do mesmo jeito com as pessoas com
quem você transa, né?"
Quando
me perguntam qual é o "segredo" para relações não-monogâmicas
"darem certo" (não vou nem entrar em como é problemática essa
questão de "dar certo") eu digo o seguinte:
Des-estigmatizar
a DR. (DR=Discutir a Relação)
O
pacto monogâmico é pret-a-porter. É um software fechado da Apple. Já vêm
prontinho, apoiado por milênios de bíblias, tias chatas, padres metidos e
manuais sobre como "blindar seu casamento". Não pode abrir, não pode
olhar lá dentro, não pode mudar a programação.
Por
isso, é natural que a DR seja encarada com terror. Se o pacto está dado como
fechado e indiscutível, qualquer tentativa de discuti-lo já indica, por
definição, necessariamente, uma crise.
Os
relacionamentos não monogâmicos,
entretanto, com sua infinidade de pactos e arranjos possíveis, são um
software livre por definição. Eles PRECISAM e ESPERAM a nossa
interferência. Eles só funcionam se forem criados e recriados por cada pessoa
todos os dias, sempre em parceria com as outras pessoas com quem estão se
relacionando.
*
* *
Uma
vez, uma moça me disse que tinha virado adepta de relacionamentos não
monogâmicos porque achava que assim tinha menos chances de perder o parceiro
para outra mulher.
Eu
respondi que respeitava essa razão, mas que achava meio difícil de comparar
esses riscos.
Não
existe nenhuma segurança nesse mundo. A qualquer instante, podemos morrer nossa
companheira nos deixar, nosso chefe nos demitir, um meteoro bater na terra.
Meu
problema com a monogamia é que ela nos vende uma falsa segurança (de
que se formos fiéis, se mantivermos o sexo apimentado, se fizermos tudo
direitinho, nunca vamos perder a pessoa com quem estamos) enquanto os
relacionamentos não monogâmicos nos forçam a encarar, abraçar, acolher,
vivenciar essa falta de segurança primordial que define a condição humana.
Por
causa disso, mais ainda, é necessário muita DR.
É
preciso estar abertas para conversar sobre o relacionamento sempre. É preciso conseguir
articular nossas fraquezas e limitações. É preciso conseguir acolher as fraquezas
e limitações das pessoas com quem estamos.
É
preciso que tudo esteja muito bem acordado e comunicado. É preciso que não
existam mal-entendidos. É preciso que ninguém saia da cama se sentindo uma
vítima.
Porque,
se alguma pessoa saiu da situação se sentindo suja, vitimizada, abusada, então,
não foi nem uma relação não monogâmica.
Foi
uma relação de abuso.
Esse
texto é parte da futura nova Prisão Monogamia.
A Prisão Monogamia original foi publicada
em 2012. Agora, em fevereiro de 2015, estou reescrevendo o texto, para torná-lo
menos agressivo e para incorporar mais conteúdo relativo aos aspectos éticos da
não monogamia. A nova Prisão Monogamia, reescrita, deve ser publicada aqui no
PapodeHomem ainda esse mês.
*
* *
Três avisos
importantes sobre meus textos
O encontro “As
Prisões”
Há
doze anos, escrevo sobre as bolas de ferro mentais e emocionais que arrastamos
pela vida: as ideias pré-concebidas, as tradições mal-explicadas, os costumes
sem-sentido.
Agora,
estou promovendo o encontro As Prisões. O público-alvo são ovelhas negras em busca de
interlocutores. O encontro oferece a oportunidade de passarmos o dia inteiro
trocando histórias, compartilhando vidas, debatendo perplexidades. Ao final,
nós, todas as pessoas, estamos exaustas, gastas, esvaziadas. Confusas,
atarantadas, chacoalhadas.
O
encontro As Prisões é
independente por ideologia. Não possui vínculo institucional algum. É divulgado
pela internet de forma alternativa e realizado em praias, parques, quintais,
praças. Oferece frutas e castanhas para comermos ao longo do dia e tem um
intervalo para almoço. Começa sempre às nove da manhã de sábado ou de domingo e
termina na hora que terminar. Muitas vezes, a química é tanta que não queremos
ir embora: o encontro mais longo durou 15 horas.
O
encontro é pago. Mas negar uma pessoa só porque ela não pode pagar seria dar
importância demais a essa convenção arbitrária que chamamos dinheiro. Portanto,
algumas pessoas pagam, outras pagam menos, outras não pagam. Na prática, as que
pagam me possibilitam fazer o encontro para as que não pagam. Nada poderia ser
mais solidário do que isso. (Para saber mais, consulte a política de gratuidades.)
Não
é auto-ajuda, terapia, coaching. Não é palestra, aula, exposição de conteúdo.
Não tem apostila, powerpoint, frases de efeito pra anotar no moleskine. Não
oferece respostas, soluções, remédios. Não promete uma vida mais calma, mais
centrada, mais bem-sucedida.
Não
ajuda em nada. Pelo contrário, só atrapalha. Às vezes, nos transforma em
pessoas ainda mais confusas, desajustadas, perdidas. Afinal, ser bem-sucedida e
bem-ajustada em um mundo canalha pode bem ser indicativo de nossa própria
canalhice.
Em
2013 e 2014, levei o encontro As Prisões para quase todas as capitais do Brasil. Em
2015, os encontros serão realizados somente no Rio de Janeiro.
(Exceto
por imersões periódicas em um hotel-fazenda na divisa entre Rio e São Paulo. A
próxima será no feriado de
Corpus Christi, em junho de 2015.)
Para
mais detalhes, vídeos, depoimentos, calendário completo, tudo isso, veja aqui.
*
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