E deveis viver cada um dos vossos momentos.
Porque nenhum deles retornará e nada vos restará senão
o arrependimento, se deles não souberdes desfrutar.
O beijo de ontem não se repetirá amanhã; como a rosa
que ontem se abriu, ainda que conserve o seu aroma e
a sua beleza, jamais voltará a ser o mesmo botão.
Desfrutai, portanto, de cada uma das vossas alegrias;
ou das vossas tristezas. Saboreai-a gota a gota, como
faríeis ao mais delicado dos vinhos, em homenagem ao seu sabor.
Porque é na alegria e na tristeza, que mais intensamente
se faz ouvir em vós a canção do Universo.
Que vos sentis mais vivos e melhor escutais a voz
do vosso verdadeiro Eu.
Esta é a verdade. E por isto existem momentos que se
cristalizam em vossa memória; e se tornam como
ilhas no tempo, às quais retornais sempre,
através das vossas lembranças.
Às vezes, uma simples troca de olhares;
um beijo roubado, um roçar de mãos.
Um sorriso, uma música, um anoitecer junto ao
mar, a carícia de uma brisa amena nos cabelos.
Em outras uma noite de insônia; a sensação de
solidão, uma decisão errada, uma oportunidade não
aproveitada. Uma carícia que não se fez,
uma palavra que devia ter sido dita.
Pode ser um encontro ou uma despedida,
um nascimento ou uma morte, uma conquista ou
uma perda, um fracasso ou um sucesso,
uma desilusão ou o início de um novo sonho.
Certo é que todos tendes as vossas ilhas no tempo.
E, ainda que as tenteis compartilhar, não o conseguireis;
porque o seu significado é muito próprio, para cada um de vós.
E ninguém existe que possa transferir a outrem as
suas emoções, os seus pensamentos ou as suas lembranças.
Por isto, apenas cada um de vós pode habitar as suas próprias ilhas.
Deveis mantê-las, sempre. Pois é a elas que retornareis,
quando o presente vos esmagar com o peso da realidade,
para que aos vossos corações volte a esperança no futuro.
Cuidai, porém, para que não vos absorvam em demasia.
É no presente que viveis e cada dia vos traz a oportunidade
de um novo momento, que se pode tornar uma nova ilha.
Não vos isoleis, portanto. Porque aquele que se perde no
passado, perde também o presente e com ele a possibilidade
de construir um novo futuro. De viver novos momentos.
E, afinal,
a Vida é feita de momentos.
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