
Hoje cheguei até a varanda e tomei um susto.
Era como se eu estivesse dormindo há muito tempo, como se tivesse
acabado de me libertar de uma sala de cinema onde eu só via o que
o mundo queria que eu visse.
Agora, acordado, pude perceber coisas que há muito tempo estavam
ofuscadas por futilidades do dia a dia.
Nesse momento, posso sentir o sol esquentando meu rosto.
Enquanto escrevo esse texto, posso ver as árvores balançando com o vento;
posso ouvir o barulho dos sinos pendurados nas outras varandas;
posso ver as nuvens mudando calmamente de lugar a cada parágrafo.
Isso tudo me fez perceber que às vezes o mundo parece difícil,
mas que isso tudo não passa de uma ilusão sobre o que nos
acostumamos a achar que o mundo é.
Nos acostumamos a trabalhar por dinheiro, a pagar mais caro do que
as coisas valem. Nos acostumamos a fingir sentimentos, a não reclamar,
a não fazer coisas arriscadas. Nos acostumamos a aceitar tudo o que nos
falam, a ser acordados por despertadores, a pular da cama com qualquer
barulho. Nos acostumamos a comprar presentes no natal, a ir engravatados
para o trabalho mesmo com um calor de 40 graus.
Nos acostumamos com as barbaridades do noticiário e com as roubalheiras.
Nos acostumamos a acreditar que o dinheiro é o mais importante.
É incrível como uma simples visita à varanda pôde me mostrar tudo isso;
me lembrar de que o mundo não é esse lugar cheio de regras que inventaram,
e sim um lugar onde cada um pode ser o que quiser.
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