Nada mais broxante, já ouvi muito isso, do que
alguém intelectualmente desenvolvida e emocionalmente
atrasada. Apesar de ter feito muitas sinapses e
articulado visões teóricas complexas, o indivíduo
não consegue articular uma interação prazerosa
ou que envolva dilemas mais profundos.
Pode ser até genial a maneira de trabalhar e se
especializar no seu campo de atuação, por conta disso
consegue maiores saltos profissionais e financeiros.
O problema é quando essa hiper-especialização
vira uma forma de se proteger da acentuada
dificuldade de perceber as emoções e fragilidades
alheias e sentir compaixão genuína.
Parece a pessoa que comprou gato por lebre,
afinal nossa cultura costuma associar inteligência
lógica com capacidade de lidar com emoções.
Mas na prática uma pessoa pode comandar
estrategicamente uma multinacional e ser
completamente inábil para discutir uma relação.
Inteligência emocional precisa de empatia,
ou seja, imaginar-se e colocar-se no lugar
do outro, associado com uma ressonância
emocional de criar sentido em conjunto com
o outro e fechando com uma dose de compaixão
ao se engajar no cuidado do outro.
Uma pessoa com inteligência lógica pode não
desconfiar nem de longe do que se passa em
seu mundo interior, e se pensa sobre isso pode
não ser capaz de articular as ideias e expressá-las
com clareza. É o tipo de indivíduo que soa frio e
egocêntrico, pois está treinado a responder em
situações calculadas, previsíveis, quadradas e não
em ambientes hostis, variáveis, pessoais e orgânicos.
Com o tempo, essa disparidade pode criar um abismo
no relacionamento do casal, já que uma pessoa parece
sempre remar sozinha na direção de um
entendimento mútuo.
Quem se arrisca a persistir precisa saber dos
potenciais incríveis de convivência com alguém
inteligentíssimo, mas com a grandes deficiências
emocionais decorrentes desse descompasso.
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