
Muitas pessoas se queixam de seus relacionamentos
sem usar nenhum crivo para avaliar qual a
qualidade dele, apenas o fato de estarem numa
relação parece suficiente para seguir adiante.
Há pessoas que são como sextas-feiras em
nossa vida e tratamos com a preciosidade de um
dia que aguardamos muito.
Com essas pessoas tudo é planejado, prioridade
e envolvimento. Nesse tipo de relação todo
cuidado é pouco e não há má vontade para
interagir, manter compromissos e até imaginar
um futuro juntos.
Já outras pessoas são tratadas como
segundas-feiras cinzentas pela manhã,
pois recebem o tipo de dedicação preguiçosa,
indefinida e quase indisponível.
Nessa relação não cabe muito envolvimento,
dedicação ou preciosismo, pois é quase algo
provisório, para matar o tempo.
Esse tipo de pessoa é como uma estação
de passagem onde se fica ali só até
encontrar algo melhor, como dizem é a
“opção pra hoje”.
Mas o que mais acho curioso são as pessoas
que se permitem serem tratadas como
uma segunda-feira e mesmo assim seguem
insistindo em algum tipo de milagre transformador.
Elas esperam que a pessoa em algum momento
mude o comportamento e passe a ver nela
um valor inestimável. Esse tipo de pessoa
tem um grau de desejo ousado, daquele
que mira no “topo da pirâmide amorosa”
e pleiteia ser a primeira-dama de um “príncipe”
que só ela vê valor.
Talvez seja até previsível imaginar o
tipo de personalidade que adere insistentemente
em alguém que a trata com descaso.
De um lado pode ser aquela pessoa apática,
sem vida e que se acha sem opção, é o mesmo
perfil que seria capaz de passar anos cultivando
o fã-clube de um artista como se realmente fosse
casar com ele. Quem olha de fora se
compadece, afinal nota que até em questões
de amizade a pessoa é passiva, dependente e
sugestionável. Os esforços que ela faz para ser
amada são um pouco tristes de observar
tamanha a desfiguração pessoal autoimposta
para ter uma migalha da atenção do seu alvo
amoroso.
De outro lado pode ser o tipo de pessoa
orgulhosa que superestima a si mesma e
não consegue imaginar como alguém
poderia fazer pouco caso sendo ela tão
incrível. Nesses casos parece que um
jogo perverso é ativado na mente do
desprezado já que o orgulho começa
a operar numa caçada ao título de
relacionamento sério. Essa é aquela
que vai lutar até dobrar a cabeça do
rejeitador e depois dispensá-lo ou até
inverter o jogo na posição de quem domina
a relação.
Notem que esses dois perfis estão em
opostos, pois a pessoa equilibrada, de
bem consigo mesmo e alinhada com
seu senso de importância e propósito
de vida dificilmente cairia nessa teia
de desprezo. Ela sabe o que quer e não
descansa até descobrir, sabe cultivar
boas amizades e não barateia seu passe
só para desfilar com alguém que age
como estrelinha. Se tem companhia é
porque foi apreciada nas suas virtudes
e defeitos, mas jamais maquiaria quem
é para agradar alguém, a menos que
avaliasse ser um defeito que merece ser
mudado. Seus gostos e hobbies
estão em dia e sua própria companhia é cativante,
não fica mendigando atenção pois tem muito
de si para oferecer. Exatamente por não pedir
recebe muito dos outros, pois é vista como
alguém que acrescenta e não que suga energia.
Para quem está de bem com a vida, portanto,
nenhum dia da semana seria uma descrição
metafórica de seu senso de importância,
todos os dias da semana a descreveriam,
afinal a vida não precisa ser uma
sexta-feira constante
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